quarta-feira, dezembro 20, 2006
O último dos preconceitos
Nós temos orgulho da tolerância religiosa aqui estabelecida. Em nosso país, católicos, protestantes, judeus, mulçumanos, espíritas, ubamdistas, budistas, todos vivem em paz. Diferentemente de outros países onde a opção religiosa é motivo de segregação social e até guerras, aqui vivemos na mais profunda harmonia. Há uma ressalva a ser feita. A tolerância religiosa é válida, contanto que você professe alguma religião, como sabiamente expôs Leo Vines, criador da Sociedade da Terra Redonda.
Negros, homossexuais, judeus, deficientes, nordestinos, mulheres enfim, cada grupo que outrora foi vítima de preconceito neste país conseguiu se fazer respeitada, ou ao menos tolerada. Hoje em dia, não é aceito socialmente discriminar representantes de qualquer um destes grupos. As pessoas que insistem no preconceito são socialmente mal vistas. Em alguns casos são até processadas e eventualmente condenadas. O último preconceito socialmente aceito é justamente o preconceito com os ateus. Pode-se discriminar, fazer chacotas, mostrar repulsa ou constranger. Sendo contra ateus ninguém vai lhe olhar torto por isso.
O incrível é que mesmo pessoas supostamente inteligentes disseminam impunemente o preconceito contra ateus. Os ateus são vistos como pessoas malévolas e traiçoeiras e esses rótulos são propagados impunemente em qualquer grupo social. Brincadeiras, piadas infames e toda sorte de humilhação pública contra ateus é socialmente tolerada.
Nós ateus, por outro lado, temos de ser respeitosos. Não podemos dizer pro amigo espírita o quanto achamos boba a idéia dele de acreditar em fantasmões ou reencarnações. Não dizemos o quanto nos parece ridículo alguém, mesmo depois de crescido, achar que tem superpoderes como vidência ou premonição. Ouvimos todas as bobagens que nos são ditas com aquele ar respeitoso e cordial. Não podemos dizer também pro amigo católico o quanto achamos hipócrita a sua religião, que essa coisa de um amiguinho imaginário no céu ouvindo as preces é tola e infantil, que essa coisa de santos, anjos, demônios e o raio que o parta não têm nada diferente de qualquer mitologia barata. Não passamos na cara se eles fazem o que não lhes é permitido pela sua religião e não se arrependem disso.
Não rimos da cara de ninguém quando este dá um "graças a deus" ou quando ora numa situação difícil. Não descartamos a amizade de ninguém pela opção religiosa que essa pessoa professa e até admiramos sinceramente muitas pessoas que professam uma religião por quaisquer características suas, independente das convicções religiosas. Me oponho às idéias (e não renuncio isso), não às pessoas.
Muitas vezes a relação entre ateus e religiosos é uma via de mão única em termos de respeito. Esta situação por vezes chega a ser cansativa e não nego que dá vontade de chutar o balde. Decidi reagir e não mais tolerar qualquer desrespeito. Continuarei respeitando os que me respeitam. Os que me agredirem, não esperem que eu sorria amarelo e ofereça a outra face tal como o cordeirinho crucificado deles.
Negros, homossexuais, judeus, deficientes, nordestinos, mulheres enfim, cada grupo que outrora foi vítima de preconceito neste país conseguiu se fazer respeitada, ou ao menos tolerada. Hoje em dia, não é aceito socialmente discriminar representantes de qualquer um destes grupos. As pessoas que insistem no preconceito são socialmente mal vistas. Em alguns casos são até processadas e eventualmente condenadas. O último preconceito socialmente aceito é justamente o preconceito com os ateus. Pode-se discriminar, fazer chacotas, mostrar repulsa ou constranger. Sendo contra ateus ninguém vai lhe olhar torto por isso.
O incrível é que mesmo pessoas supostamente inteligentes disseminam impunemente o preconceito contra ateus. Os ateus são vistos como pessoas malévolas e traiçoeiras e esses rótulos são propagados impunemente em qualquer grupo social. Brincadeiras, piadas infames e toda sorte de humilhação pública contra ateus é socialmente tolerada.
Nós ateus, por outro lado, temos de ser respeitosos. Não podemos dizer pro amigo espírita o quanto achamos boba a idéia dele de acreditar em fantasmões ou reencarnações. Não dizemos o quanto nos parece ridículo alguém, mesmo depois de crescido, achar que tem superpoderes como vidência ou premonição. Ouvimos todas as bobagens que nos são ditas com aquele ar respeitoso e cordial. Não podemos dizer também pro amigo católico o quanto achamos hipócrita a sua religião, que essa coisa de um amiguinho imaginário no céu ouvindo as preces é tola e infantil, que essa coisa de santos, anjos, demônios e o raio que o parta não têm nada diferente de qualquer mitologia barata. Não passamos na cara se eles fazem o que não lhes é permitido pela sua religião e não se arrependem disso.
Não rimos da cara de ninguém quando este dá um "graças a deus" ou quando ora numa situação difícil. Não descartamos a amizade de ninguém pela opção religiosa que essa pessoa professa e até admiramos sinceramente muitas pessoas que professam uma religião por quaisquer características suas, independente das convicções religiosas. Me oponho às idéias (e não renuncio isso), não às pessoas.
Muitas vezes a relação entre ateus e religiosos é uma via de mão única em termos de respeito. Esta situação por vezes chega a ser cansativa e não nego que dá vontade de chutar o balde. Decidi reagir e não mais tolerar qualquer desrespeito. Continuarei respeitando os que me respeitam. Os que me agredirem, não esperem que eu sorria amarelo e ofereça a outra face tal como o cordeirinho crucificado deles.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Por que eu não celebro o natal? (Top 3)
Há mil e um motivos (cristãos e não cristãos) para não celebrar o natal. Como ateísta, vou tratar da parte que me cabe.
1) O natal ainda é uma celebração cristã. Mesmo que a origem da data seja pagã (o nascimento do deus Mitra), mesmo que o natal seja uma invenção comercial, as pessoas comemoram no dia 25 de dezembro o nascimento de Jesus. Pensem em toda a confusão, nas guerras, nas mortes, no atravancamento do progresso da ciência (até hoje), na inquisição e nas cruzadas, no falso moralismo, no preconceito com os gays e com as mulheres e em tudo mais que esse cara promoveu ao longo de dois mil anos. Celebrar o natal é assinar embaixo de tudo isso. Comemorar o 25 de dezembro é concordar com todas as iniqüidades promovidas pelo cristianismo ao longo da história. Definitivamente não quero fazer parte disso.
2) As crianças são treinadas desde cedo a serem boazinhas o ano todo pra papai do céu ficar feliz e mandar uma recompensa no natal pelo papai Noel. É a lógica do cristianismo. Mais tarde estas crianças deixam de acreditar no papai Noel, mas continuam desejando recompensas divinas e temendo um castigo. Além de idiotizar essas crianças com historinhas absurdas que retardam o estabelecimento do senso crítico, os adultos imprimem nessas crianças a lógica nojenta do cristianismo, do castigo e recompensa.
3) Quando me perguntam por que eu não celebro o natal, eu costumo retrucar perguntando: você celebrou o yom kippur neste ano? E o ramadan? As respostas e o desfecho são óbvios. Por que raios então eu deveria celebrar o natal se não sou cristão?
1) O natal ainda é uma celebração cristã. Mesmo que a origem da data seja pagã (o nascimento do deus Mitra), mesmo que o natal seja uma invenção comercial, as pessoas comemoram no dia 25 de dezembro o nascimento de Jesus. Pensem em toda a confusão, nas guerras, nas mortes, no atravancamento do progresso da ciência (até hoje), na inquisição e nas cruzadas, no falso moralismo, no preconceito com os gays e com as mulheres e em tudo mais que esse cara promoveu ao longo de dois mil anos. Celebrar o natal é assinar embaixo de tudo isso. Comemorar o 25 de dezembro é concordar com todas as iniqüidades promovidas pelo cristianismo ao longo da história. Definitivamente não quero fazer parte disso.
2) As crianças são treinadas desde cedo a serem boazinhas o ano todo pra papai do céu ficar feliz e mandar uma recompensa no natal pelo papai Noel. É a lógica do cristianismo. Mais tarde estas crianças deixam de acreditar no papai Noel, mas continuam desejando recompensas divinas e temendo um castigo. Além de idiotizar essas crianças com historinhas absurdas que retardam o estabelecimento do senso crítico, os adultos imprimem nessas crianças a lógica nojenta do cristianismo, do castigo e recompensa.
3) Quando me perguntam por que eu não celebro o natal, eu costumo retrucar perguntando: você celebrou o yom kippur neste ano? E o ramadan? As respostas e o desfecho são óbvios. Por que raios então eu deveria celebrar o natal se não sou cristão?
Signo astrológico
Estou escrevendo pra protestar contra algo que me incomoda. Já notaram que alguns sites, a exemplo deste blogger em que escrevo, usam suas informações de nascimento pra colocar automaticamente no seu perfil o seu signo astrológico? EU NÃO TENHO SIGNO ASTROLÓGICO! Será que dá pra parar de me fazer o favor de me forçar a ter um? Está na hora de se parar de tolerar as pseudociências e isso começa por essas pequenas coisas do dia a dia. Se toleramos, nos empurram (e como empurram) a homeopatia nos hospitais públicos, os horóscopos em jornais, os videntes na TV...
Tolerância zero com as pseudociências!
Tolerância zero com as pseudociências!
Vida após a morte
Em minha infância, em meados dos anos oitenta, muitas crianças sonhavam em serem médicos, cientistas, professores, bombeiros, policiais etc. Quando perguntadas por que escolheram suas profissões elas respondiam com a maior inocência e sinceridade que lhes são próprias. As respostas eram banhadas de idealismo, de vontade de servir à sociedade, de salvar vidas, de produzir ou propagar o conhecimento.
Pergunte-se a adultos sobre as profissões que exercem. As respostas girarão em volta do dinheiro, da conveniência e da oportunidade fácil. Cada vez mais cedo as pessoas esquecem seus ideais e da sua função social. Não percebem que a única forma de viver após a morte é através do legado que deixamos pra família e pra sociedade. As religiões têm sua parcela de culpa ao fazerem as pessoas perderem essa ânsia de cumprir sua função antes da morte quando produzem falsas expectativas de uma vida eterna num paraíso.
Entretanto os grandes responsáveis pela inutilidade social das pessoas não são as religiões e sim o dinheiro e a fama. As pessoas vivem pra subirem em suas carreiras, conseguirem um emprego mais lucrativo ou de terem fama. Esquecem que o dinheiro e a fama devem ser meios ou conseqüências e não o objetivo final de suas vidas.
Vejam o exemplo dos médicos. No início da carreira muitos costumam mergulhar de cabeça em plantões e nas consultas em ritmo de linha de produção. É aí que aprendem a coisificar as pessoas, que endurecem com o sofrimento alheio, que esquecem da função social nobre que exercem. Param de estudar, de pesquisar, de ter gana de salvar vidas, de querer deixar sua marca na sociedade. Passam a se preocupar em acumular capital, única e exclusivamente. Não convém entretanto generalizar. Alguns médicos são eternos cientistas, voluntariam-se pra servir, tentam retribuir pra sociedade o custo que esta teve com a sua formação. Esses são dignos de minha profunda admiração e respeito.
Dentre os cientistas, a situação não é muito diferente. No ambiente acadêmico, a pressão por produção é grande. A produção não é medida pelo benefício pra sociedade advindo do seu trabalho e sim do número de publicações em revistas de impacto. Publicar seus trabalhos para que outros possam produzir mais conhecimento é absolutamente necessário, claro que o é. Mas repito, não pode ser o objetivo final, e sim, tem que ser apenas o meio. O objetivo final é a resolução do problema, venha a solução de onde vier, até mesmo de algum outro grupo. Se a solução veio de outro grupo, que coloque também seu tijolinho e ajude a construir uma muralha de conhecimento. Uma solução é sempre uma oportunidade pra produzir melhores soluções. É assim que o conhecimento avança. Tenho a felicidade de conhecer alguns cientistas com essa consciência de sua função social. Não por coincidência, estes são mais produtivos tanto em termos de benefícios pra sociedade vindos do seu trabalho quanto em termos dos mesquinhos índices acadêmicos.
A situação em que estão os serviços públicos nesse país são conseqüência dessa mesma realidade. Muitos jovens acabam de se formar e começam a exercer a profissão de concurseiro. Concurso pra que? Pra qualquer coisa, oras! O que vale é ter um emprego estável que lhes permita coçarem o saco até o fim de suas vidas inúteis. Muitos, depois de admitidos, têm ojeriza pelo seu próprio trabalho. Como poderão servir bem à população?
Empresários, pedreiros, advogados, artistas, funcionários públicos e até mesmo donas de casa todas têm uma função social a cumprir. As pessoas precisam se conscientizar da função, da importância e de utilidade de cada um. Aqui cabe até um pouco de auto-crítica pois eu já fui um desses egoístas mesquinhos mas agora decidi que quero viver além da morte. Pelo menos vou tentar.
Pergunte-se a adultos sobre as profissões que exercem. As respostas girarão em volta do dinheiro, da conveniência e da oportunidade fácil. Cada vez mais cedo as pessoas esquecem seus ideais e da sua função social. Não percebem que a única forma de viver após a morte é através do legado que deixamos pra família e pra sociedade. As religiões têm sua parcela de culpa ao fazerem as pessoas perderem essa ânsia de cumprir sua função antes da morte quando produzem falsas expectativas de uma vida eterna num paraíso.
Entretanto os grandes responsáveis pela inutilidade social das pessoas não são as religiões e sim o dinheiro e a fama. As pessoas vivem pra subirem em suas carreiras, conseguirem um emprego mais lucrativo ou de terem fama. Esquecem que o dinheiro e a fama devem ser meios ou conseqüências e não o objetivo final de suas vidas.
Vejam o exemplo dos médicos. No início da carreira muitos costumam mergulhar de cabeça em plantões e nas consultas em ritmo de linha de produção. É aí que aprendem a coisificar as pessoas, que endurecem com o sofrimento alheio, que esquecem da função social nobre que exercem. Param de estudar, de pesquisar, de ter gana de salvar vidas, de querer deixar sua marca na sociedade. Passam a se preocupar em acumular capital, única e exclusivamente. Não convém entretanto generalizar. Alguns médicos são eternos cientistas, voluntariam-se pra servir, tentam retribuir pra sociedade o custo que esta teve com a sua formação. Esses são dignos de minha profunda admiração e respeito.
Dentre os cientistas, a situação não é muito diferente. No ambiente acadêmico, a pressão por produção é grande. A produção não é medida pelo benefício pra sociedade advindo do seu trabalho e sim do número de publicações em revistas de impacto. Publicar seus trabalhos para que outros possam produzir mais conhecimento é absolutamente necessário, claro que o é. Mas repito, não pode ser o objetivo final, e sim, tem que ser apenas o meio. O objetivo final é a resolução do problema, venha a solução de onde vier, até mesmo de algum outro grupo. Se a solução veio de outro grupo, que coloque também seu tijolinho e ajude a construir uma muralha de conhecimento. Uma solução é sempre uma oportunidade pra produzir melhores soluções. É assim que o conhecimento avança. Tenho a felicidade de conhecer alguns cientistas com essa consciência de sua função social. Não por coincidência, estes são mais produtivos tanto em termos de benefícios pra sociedade vindos do seu trabalho quanto em termos dos mesquinhos índices acadêmicos.
A situação em que estão os serviços públicos nesse país são conseqüência dessa mesma realidade. Muitos jovens acabam de se formar e começam a exercer a profissão de concurseiro. Concurso pra que? Pra qualquer coisa, oras! O que vale é ter um emprego estável que lhes permita coçarem o saco até o fim de suas vidas inúteis. Muitos, depois de admitidos, têm ojeriza pelo seu próprio trabalho. Como poderão servir bem à população?
Empresários, pedreiros, advogados, artistas, funcionários públicos e até mesmo donas de casa todas têm uma função social a cumprir. As pessoas precisam se conscientizar da função, da importância e de utilidade de cada um. Aqui cabe até um pouco de auto-crítica pois eu já fui um desses egoístas mesquinhos mas agora decidi que quero viver além da morte. Pelo menos vou tentar.
sexta-feira, setembro 23, 2005
Radicais no meio católico
Pra quem fica embasbacado com a habilidade dos pastores da Universal pra arrancar dinheiro dos fiéis, veja só o que está fazendo a Canção Nova (um movimento católico)
http://euajudo.cancaonova.com/
Os caras aceitam doações por cartões de crédito, boleto bancário e até débito automático. Tem serviço de telemarketing e tudo mais. Se vc deixar de pagar, entram em contato rapidinho com vc pra coag... ops, cobrá-lo :)
Há uns tempos atrás fizeram uma mega campanha pra construir um galpão imenso de orações no estado de SP. A campanha consistia em pedir que os fiéis doassem ouro. Tudo que tivessem de ouro. Alianças, jóias, canetas, objetos decorativos etc. A campanha foi um sucesso total e o galpão foi construído.
Dá uma ligadinha na TV Canção Nova também. É pedido de dinheiro e venda de "produtos" cristãos o tempo todo. Dá de 10 a 0 na Universal.
Sobre a ideologia deles, nem dá pra comentar. Apesar de toda a animação que se vê em seus cultos, os carismáticos (e especialmente os da Canção Nova) são extremamente conservadores e radicais. Além de serem radicais contra o uso da camisinha e contra as pesquisas com células-tronco embrionárias, muitos deles são criacionistas. Isso mesmo! Existem católicos criacionistas!
Os jovens carismáticos defendem o namoro santo e alguns defendem até a chamada "corte". Em breve postarei uns textos sobre o namoro santo e a corte. É de arrepiar!
Como todo pentecostal, nos carismáticos manifestam-se os dons do Espírito Santo. Nos cultos deles, não estranhe se vir muitas pessoas murmurando e gritando coisas ininteligíveis em estado de transe. Eles chamam isso de "falar em línguas" e dizem ser a melhor forma de orar. A prática está justificada no texto bíblico.
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados." (S. Marcos, 16, 15-18).
Como vcs podem observar, este trecho bíblico que justifica o "falar em línguas" também fala em beber venenos mortais e manusear cobras :) Por que os carismáticos não bebem uns venenos mortais e brincam com umas cascavéis também? Afinal estão protegidos por Deus :)
http://euajudo.cancaonova.com/
Os caras aceitam doações por cartões de crédito, boleto bancário e até débito automático. Tem serviço de telemarketing e tudo mais. Se vc deixar de pagar, entram em contato rapidinho com vc pra coag... ops, cobrá-lo :)
Há uns tempos atrás fizeram uma mega campanha pra construir um galpão imenso de orações no estado de SP. A campanha consistia em pedir que os fiéis doassem ouro. Tudo que tivessem de ouro. Alianças, jóias, canetas, objetos decorativos etc. A campanha foi um sucesso total e o galpão foi construído.
Dá uma ligadinha na TV Canção Nova também. É pedido de dinheiro e venda de "produtos" cristãos o tempo todo. Dá de 10 a 0 na Universal.
Sobre a ideologia deles, nem dá pra comentar. Apesar de toda a animação que se vê em seus cultos, os carismáticos (e especialmente os da Canção Nova) são extremamente conservadores e radicais. Além de serem radicais contra o uso da camisinha e contra as pesquisas com células-tronco embrionárias, muitos deles são criacionistas. Isso mesmo! Existem católicos criacionistas!
Os jovens carismáticos defendem o namoro santo e alguns defendem até a chamada "corte". Em breve postarei uns textos sobre o namoro santo e a corte. É de arrepiar!
Como todo pentecostal, nos carismáticos manifestam-se os dons do Espírito Santo. Nos cultos deles, não estranhe se vir muitas pessoas murmurando e gritando coisas ininteligíveis em estado de transe. Eles chamam isso de "falar em línguas" e dizem ser a melhor forma de orar. A prática está justificada no texto bíblico.
"E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados." (S. Marcos, 16, 15-18).
Como vcs podem observar, este trecho bíblico que justifica o "falar em línguas" também fala em beber venenos mortais e manusear cobras :) Por que os carismáticos não bebem uns venenos mortais e brincam com umas cascavéis também? Afinal estão protegidos por Deus :)
Suicídio homeopático em massa
Gostei da idéia :) Céticos belgas, em protesto contra companhias de seguro de saúde, chamaram a imprensa pra cometer um suicídio homeopático em massa na frente das câmaras. Tomaram venenos conhecidos como arsênico, belladona etc, devidamente "dinamizados" é claro. Afinal quanto mais diluído mais potente, não é mesmo? Cada um tomou um vidrinho de veneno homeopático. É claro que a tentativa de suicídio foi um fracasso, mas que foi interessante foi. Bem que podíamos fazer um suicídio homeopático em massa por aqui, não é mesmo?
quarta-feira, setembro 21, 2005
Alguns links
1- Neste site, um cético altruísta disponibilizou vídeos de programas de TV em que houve participações de céticos. Há vários vídeos de debates interessantes em programas populares. Alguns outros com nível não tão bom. De qualquer forma, é legal ver os místicos serem colocados contra a parede. Há muitas participações dos céticos Daniel Sottomaior e Carlos "Apodman" Bella.
2-Esta é a página do mágico e cético James Randi. Sua fundação investiga alegações sobrenaturais e paranormais. Ele oferece um prêmio de 1 milhão de dólares para quem conseguir provar em um ambiente controlado um único fenômeno paranormal. Místicos, videntes, espíritas e toda sorte de charlatões já tentaram abocanhar o prêmio, até hoje sem nenhum sucesso. Foi ele que desafiou o homem do Rá, no Fantástico há uns tempos. Infelizmente o paranormal colocou vários empecilhos à realização do teste, impossibilitando com que este fosse realizado.
3- A bíblia anotada por céticos. Este é um site engraçadíssimo. Todo o texto bíblico está disponível juntamente com anotações sobre os absurdos encontrados. Todos os tipos de absurdos estão devidamente marcados com um ícone e comentados. Há passagens sobre sexo, violência, absurdos científicos e históricos, injustiças, crueldades etc. É imperdível :)
4-Dicionário do cético. Conta com dezenas de verbetes sobre alegados fenômenos sobrenaturais, alegações de milagres, fraudes e misticismo. Excelente leitura. Vejam também a versão em inglês que conta com mais verbetes.
2-Esta é a página do mágico e cético James Randi. Sua fundação investiga alegações sobrenaturais e paranormais. Ele oferece um prêmio de 1 milhão de dólares para quem conseguir provar em um ambiente controlado um único fenômeno paranormal. Místicos, videntes, espíritas e toda sorte de charlatões já tentaram abocanhar o prêmio, até hoje sem nenhum sucesso. Foi ele que desafiou o homem do Rá, no Fantástico há uns tempos. Infelizmente o paranormal colocou vários empecilhos à realização do teste, impossibilitando com que este fosse realizado.
3- A bíblia anotada por céticos. Este é um site engraçadíssimo. Todo o texto bíblico está disponível juntamente com anotações sobre os absurdos encontrados. Todos os tipos de absurdos estão devidamente marcados com um ícone e comentados. Há passagens sobre sexo, violência, absurdos científicos e históricos, injustiças, crueldades etc. É imperdível :)
4-Dicionário do cético. Conta com dezenas de verbetes sobre alegados fenômenos sobrenaturais, alegações de milagres, fraudes e misticismo. Excelente leitura. Vejam também a versão em inglês que conta com mais verbetes.
Separação Igreja-Estado
Sou totalmente contra o controle das religiões pelo governo porém acho que elas devem
responder às leis vigentes, como todas as organizações e pessoas.
Por exemplo, por que não há um promotor que vá contra as práticas de
curandeirismo realizadas em várias igrejas? Curandeirismo é crime e está
previsto no código penal. Também acho um absurdo organizações religiosas
serem isentas de imposto.
Quanto a interferência das religiões no Estado, esta sim é muito mais
perigosa e nociva. Já não basta por séculos e séculos amém atravancar o
progresso da ciência e ainda querem meter o bedelho em assuntos que não lhe
compete. A pior de todas, sem dúvida, é a Igreja Chatólica Pedófila Romana.
Mete o bedelho nas pesquisas com células-tronco embrionárias, tenta coibir a
distribuição gratuita de camisinhas pelo governo, opõe-se às políticas
governamentais de controle populacional, acoberta padres pedófilos
transferindo-os pra outra paróquia (para comerem outras criancinhas) em vez
de entregá-los a justiça. A porra do Estado é laico caralho. Por que não se
limita a legislar e regular a vida apenas de seus fiéis? Eu estou louco pra
que surjam os primeiros tratamentos com células-tronco embrionárias. Os
católicos não poderão usufruir desses tratamentos, igualzinho às testemunhas
de Jeová que eles tanto criticam por não receberem sangue.
Os evangélicos unidos do RJ (com o beneplácito do casal de garotinhos) já
andam fazendo estragos por lá também, instituindo o estudo do criacionismo
nas escolas nas aulas de ciências.Vamos voltar a Idade Média! Queimem os
cientistas!
responder às leis vigentes, como todas as organizações e pessoas.
Por exemplo, por que não há um promotor que vá contra as práticas de
curandeirismo realizadas em várias igrejas? Curandeirismo é crime e está
previsto no código penal. Também acho um absurdo organizações religiosas
serem isentas de imposto.
Quanto a interferência das religiões no Estado, esta sim é muito mais
perigosa e nociva. Já não basta por séculos e séculos amém atravancar o
progresso da ciência e ainda querem meter o bedelho em assuntos que não lhe
compete. A pior de todas, sem dúvida, é a Igreja Chatólica Pedófila Romana.
Mete o bedelho nas pesquisas com células-tronco embrionárias, tenta coibir a
distribuição gratuita de camisinhas pelo governo, opõe-se às políticas
governamentais de controle populacional, acoberta padres pedófilos
transferindo-os pra outra paróquia (para comerem outras criancinhas) em vez
de entregá-los a justiça. A porra do Estado é laico caralho. Por que não se
limita a legislar e regular a vida apenas de seus fiéis? Eu estou louco pra
que surjam os primeiros tratamentos com células-tronco embrionárias. Os
católicos não poderão usufruir desses tratamentos, igualzinho às testemunhas
de Jeová que eles tanto criticam por não receberem sangue.
Os evangélicos unidos do RJ (com o beneplácito do casal de garotinhos) já
andam fazendo estragos por lá também, instituindo o estudo do criacionismo
nas escolas nas aulas de ciências.Vamos voltar a Idade Média! Queimem os
cientistas!
Juiz defende retirada de símbolos religiosos dos tribunais
Vejam aqui a notícia:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI670801-EI306,00.html
Absolutamente louvável a atitude do juiz Roberto Lorea. Estamos em um Estado Laico e um tribunal não pode estar vinculado a nenhuma organização religiosa.
O juiz foi perfeito em sua argumentação. A presença de símbolos religiosos coloca o tribunal em suspeição. Imagine-se que esteja sendo julgado algum padre molestador de criancinhas. Que julgamento irá se esperar de um tribunal que ostenta crucifixos em suas paredes?
É certo que o Brasil é um país de maioria católica, mas os não-católicos também são cidadãos. Onde está nossa liberdade religiosa? A liberdade religiosa garantida pelo laicismo do Estado também garante o direito à não crença!
Devemos manifestar nosso apoio a esse juiz. O que ele fez foi um ato de absoluta coragem e responsabilidade. Vamos torcer para que outros juízes em outros estados brasileiros copiem essa iniciativa. LAICISMO JÁ!
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI670801-EI306,00.html
Absolutamente louvável a atitude do juiz Roberto Lorea. Estamos em um Estado Laico e um tribunal não pode estar vinculado a nenhuma organização religiosa.
O juiz foi perfeito em sua argumentação. A presença de símbolos religiosos coloca o tribunal em suspeição. Imagine-se que esteja sendo julgado algum padre molestador de criancinhas. Que julgamento irá se esperar de um tribunal que ostenta crucifixos em suas paredes?
É certo que o Brasil é um país de maioria católica, mas os não-católicos também são cidadãos. Onde está nossa liberdade religiosa? A liberdade religiosa garantida pelo laicismo do Estado também garante o direito à não crença!
Devemos manifestar nosso apoio a esse juiz. O que ele fez foi um ato de absoluta coragem e responsabilidade. Vamos torcer para que outros juízes em outros estados brasileiros copiem essa iniciativa. LAICISMO JÁ!
Formiguinhas profetas
Se alguém viu o programa Boa Noite Brasil (BAND) nesta segunda-feira, deve ter se deparado com um caso no mínimo bizarro. Em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, formigas vêm escrevendo trechos bíblicos e desenhando imagens de santos católicos em folhas de árvores, numa determinada casa. Isto vem se repetindo há 10 anos, e a quantidade de material(folhas bordadas) é vastíssima.
Um biólogo foi convidado ao programa para dar seu parecer. Ao examinar as folhas bordadas num microscópio, ele verificou que orifícios daquele tipo não são produzidos por formigas naturalmente. Entretanto, propôs uma experiência, realizada no palco, em que desenhou com um palito e mel de abelha sobre folhas verdes e as colocou num aquário com formigas. Passado algum tempo, estavam lá as folhas bordadas. O tipo de orifício era semelhante ao das folhas sagradas.
O Pe. Antônio Maria, que lá estava, defendeu a veracidade do fato. Falou que visitou Cachoeiro do Itapemirim e viu com os próprios olhos as formigas bordarem uma folha. É bem provável que ele não esteja mentindo, mas quem garante que as folhas não tenham sido preparadas antes tal como o biólogo demonstrou ser possível fazer em palco? Sem falar que as tais formiguinhas profetas têm um português sofrível! Em uma das folhas, chegaram a escrever "PAS" com S. Isso mesmo.
Totalmente despreparado esse Pe. Antônio Maria. Até eu que não sou católico sei o que a igreja católica considera um milagre.
Pra ser milagre tem que ser PERFEITO. Se um cara era paraplégico, reza pra algum santo e volta a andar, porém mancando, a igreja católica não reconhece isso como milagre. Se um cego volta a enxergarapenas vultos, também não é milagre.
Daí vem o Pe. Antônio Maria defender aquele absurdo. Formiguinhas escrevendo com um português sofrível! Ainda bem que o Pe. Quevedo deu uma ligada lá pra colocar as coisas nos eixos. Eu não gosto dele, mas dessa vez ele foi 10. "É truque barato de quinta categoria" Hahahaha Pe. Antônio Maria ficou com a cara no chão e Gilberto Barros fez questão de desligar rapidinho e mudar de tema pros trouxas nao perderem o interesse nesse absurdo.
Como aquele sujeito (Pe. Antônio Maria) conseguiu se formar padre? Fico impressionado com o baixo nível de conhecimentos de alguns padres. Onde será que esses caras estudaram? Se quer ter fé, que tenha, mas um pouquinho de nada de ceticismo não faz mal a ninguém. E ainda ajuda a não ficar se passando por trouxa por aí.
Um biólogo foi convidado ao programa para dar seu parecer. Ao examinar as folhas bordadas num microscópio, ele verificou que orifícios daquele tipo não são produzidos por formigas naturalmente. Entretanto, propôs uma experiência, realizada no palco, em que desenhou com um palito e mel de abelha sobre folhas verdes e as colocou num aquário com formigas. Passado algum tempo, estavam lá as folhas bordadas. O tipo de orifício era semelhante ao das folhas sagradas.
O Pe. Antônio Maria, que lá estava, defendeu a veracidade do fato. Falou que visitou Cachoeiro do Itapemirim e viu com os próprios olhos as formigas bordarem uma folha. É bem provável que ele não esteja mentindo, mas quem garante que as folhas não tenham sido preparadas antes tal como o biólogo demonstrou ser possível fazer em palco? Sem falar que as tais formiguinhas profetas têm um português sofrível! Em uma das folhas, chegaram a escrever "PAS" com S. Isso mesmo.
Totalmente despreparado esse Pe. Antônio Maria. Até eu que não sou católico sei o que a igreja católica considera um milagre.
Pra ser milagre tem que ser PERFEITO. Se um cara era paraplégico, reza pra algum santo e volta a andar, porém mancando, a igreja católica não reconhece isso como milagre. Se um cego volta a enxergarapenas vultos, também não é milagre.
Daí vem o Pe. Antônio Maria defender aquele absurdo. Formiguinhas escrevendo com um português sofrível! Ainda bem que o Pe. Quevedo deu uma ligada lá pra colocar as coisas nos eixos. Eu não gosto dele, mas dessa vez ele foi 10. "É truque barato de quinta categoria" Hahahaha Pe. Antônio Maria ficou com a cara no chão e Gilberto Barros fez questão de desligar rapidinho e mudar de tema pros trouxas nao perderem o interesse nesse absurdo.
Como aquele sujeito (Pe. Antônio Maria) conseguiu se formar padre? Fico impressionado com o baixo nível de conhecimentos de alguns padres. Onde será que esses caras estudaram? Se quer ter fé, que tenha, mas um pouquinho de nada de ceticismo não faz mal a ninguém. E ainda ajuda a não ficar se passando por trouxa por aí.
Estado laico? Onde?
O GLOBO, 18-09-05
LULA SUBVERTEU O ESTADO LAICO
O presidente Lula encaminhou carta à Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) afirmando que não tem intenção de apresentar ao
Congresso Nacional o anteprojeto de lei elaborado por comissão
tripartite, instituída pelo próprio governo e integrada por
representantes dos poderes Executivo, Legislativo e da sociedade
civil, que, após ampla discussão, propôs uma profunda revisão na
anacrônica legislação brasileira sobre o aborto, editada em 1940.
A proposta básica do anteprojeto é de legalização do aborto no
trimestre inicial da gestação, na linha da tendência internacional,
visando à proteção dos direitos à saúde, à autonomia reprodutiva e à
igualdade da mulher. Esclareço, desde logo, que não é meu propósito
discutir aqui o explosivo tema do aborto. Já se levantou a suspeita
de que a decisão do presidente representaria tentativa de barganhar o
apoio da CNBB, num momento em que seu governo, mergulhado até o
pescoço no escândalo do mensalão, é assombrado pelo fantasma de um
possível impeachment. Mas também não pretendo enveredar pela discussão
das reais intenções do gesto do nosso chefe de Estado.
O que quero examinar é simplesmente a justificativa que foi
apresentada pelo presidente para a sua decisão e a sua compatibilidade
com os princípios democráticos acolhidos pela Constituição brasileira.
Na correspondência enviada à CNBB, Lula disse que pela sua
"identificação com os valores éticos do Evangelho" e pela fé que
recebeu de sua mãe, não tomará "nenhuma iniciativa que contradiga os
princípios cristãos".
Ora, ninguém questiona que o presidente da República, como qualquer
pessoa, tenha o direito de professar a religião que preferir e de
guiar-se, na sua vida pessoal, pelos respectivos princípios e dogmas.
Porém, o Brasil, desde a proclamação da República, é um Estado laico,
e isto o presidente, que jurou cumprir a Constituição, não pode ignorar.
A laicidade do Estado, consagrada no art. 19, inciso I, da
Constituição, não significa apenas a inexistência de uma religião
oficial no país. Mais que isso, ela impõe a completa separação entre
religião e Estado, tanto para proteger as confissões religiosas de
indevidas intervenções dos governantes de plantão, como para assegurar
aos cidadãos que as decisões dos poderes do Estado sejam sempre
tomadas com fundamento em razões públicas, e não a partir de dogmas de
qualquer credo religioso, ainda que majoritário.
Estado laico não significa Estado ateu, pois o ateísmo não deixa de
ser uma concepção religiosa. Na verdade, o Estado laico é aquele que
mantém uma postura de neutralidade e independência em relação a todas
as concepções religiosas, em respeito ao pluralismo existente em sua
sociedade.
Num país como o Brasil, em que convivem lado a lado pessoas das mais
diversas religiões, além de ateus e agnósticos, a laicidade do Estado
representa garantia fundamental da igualdade e da liberdade dos
cidadãos. Por isso, quando o presidente afirma que exercerá a
autoridade que lhe foi conferida por todo o povo brasileiro com base
nos princípios cristãos, ele desrespeita profundamente não
só todos aqueles que não professam a sua religião, como também os que,
católicos como ele, têm uma visão mais clara sobre os fundamentos
legítimos do poder do Estado numa democracia constitucional.
No momento, a sociedade brasileira discute, além do aborto, uma série
de outros temas polêmicos em que a Igreja Católica tem posição
firmada: união civil de pessoas do mesmo sexo, pesquisa em
células-tronco, eutanásia etc. Nestas e em outras questões, as razões
religiosas são válidas na esfera da consciência de cada um, mas não
podem ser o fundamento dos atos estatais.
Por tudo isto, o gesto de Lula representa um perigoso precedente. É
hora de abrir os olhos, pois não é aceitável que o presidente de uma
república laica e democrática fundamente um ato de governo na "fé que
recebeu de sua mãe"!
DANIEL SARMENTO é professor de direito constitucional da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e procurador regional da República. [i]
LULA SUBVERTEU O ESTADO LAICO
O presidente Lula encaminhou carta à Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) afirmando que não tem intenção de apresentar ao
Congresso Nacional o anteprojeto de lei elaborado por comissão
tripartite, instituída pelo próprio governo e integrada por
representantes dos poderes Executivo, Legislativo e da sociedade
civil, que, após ampla discussão, propôs uma profunda revisão na
anacrônica legislação brasileira sobre o aborto, editada em 1940.
A proposta básica do anteprojeto é de legalização do aborto no
trimestre inicial da gestação, na linha da tendência internacional,
visando à proteção dos direitos à saúde, à autonomia reprodutiva e à
igualdade da mulher. Esclareço, desde logo, que não é meu propósito
discutir aqui o explosivo tema do aborto. Já se levantou a suspeita
de que a decisão do presidente representaria tentativa de barganhar o
apoio da CNBB, num momento em que seu governo, mergulhado até o
pescoço no escândalo do mensalão, é assombrado pelo fantasma de um
possível impeachment. Mas também não pretendo enveredar pela discussão
das reais intenções do gesto do nosso chefe de Estado.
O que quero examinar é simplesmente a justificativa que foi
apresentada pelo presidente para a sua decisão e a sua compatibilidade
com os princípios democráticos acolhidos pela Constituição brasileira.
Na correspondência enviada à CNBB, Lula disse que pela sua
"identificação com os valores éticos do Evangelho" e pela fé que
recebeu de sua mãe, não tomará "nenhuma iniciativa que contradiga os
princípios cristãos".
Ora, ninguém questiona que o presidente da República, como qualquer
pessoa, tenha o direito de professar a religião que preferir e de
guiar-se, na sua vida pessoal, pelos respectivos princípios e dogmas.
Porém, o Brasil, desde a proclamação da República, é um Estado laico,
e isto o presidente, que jurou cumprir a Constituição, não pode ignorar.
A laicidade do Estado, consagrada no art. 19, inciso I, da
Constituição, não significa apenas a inexistência de uma religião
oficial no país. Mais que isso, ela impõe a completa separação entre
religião e Estado, tanto para proteger as confissões religiosas de
indevidas intervenções dos governantes de plantão, como para assegurar
aos cidadãos que as decisões dos poderes do Estado sejam sempre
tomadas com fundamento em razões públicas, e não a partir de dogmas de
qualquer credo religioso, ainda que majoritário.
Estado laico não significa Estado ateu, pois o ateísmo não deixa de
ser uma concepção religiosa. Na verdade, o Estado laico é aquele que
mantém uma postura de neutralidade e independência em relação a todas
as concepções religiosas, em respeito ao pluralismo existente em sua
sociedade.
Num país como o Brasil, em que convivem lado a lado pessoas das mais
diversas religiões, além de ateus e agnósticos, a laicidade do Estado
representa garantia fundamental da igualdade e da liberdade dos
cidadãos. Por isso, quando o presidente afirma que exercerá a
autoridade que lhe foi conferida por todo o povo brasileiro com base
nos princípios cristãos, ele desrespeita profundamente não
só todos aqueles que não professam a sua religião, como também os que,
católicos como ele, têm uma visão mais clara sobre os fundamentos
legítimos do poder do Estado numa democracia constitucional.
No momento, a sociedade brasileira discute, além do aborto, uma série
de outros temas polêmicos em que a Igreja Católica tem posição
firmada: união civil de pessoas do mesmo sexo, pesquisa em
células-tronco, eutanásia etc. Nestas e em outras questões, as razões
religiosas são válidas na esfera da consciência de cada um, mas não
podem ser o fundamento dos atos estatais.
Por tudo isto, o gesto de Lula representa um perigoso precedente. É
hora de abrir os olhos, pois não é aceitável que o presidente de uma
república laica e democrática fundamente um ato de governo na "fé que
recebeu de sua mãe"!
DANIEL SARMENTO é professor de direito constitucional da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e procurador regional da República. [i]
Intuições e maus presságios
Estimulado pelos inúmeros relatos de intuições e maus presságios que se concretizaram, decidi expor aqui meu ponto de vista sobre este tema. Intuição, por definição, é a capacidade de perceber, discernir ou pressentir coisas independente de raciocício ou análise. Esta é a definição formal. Mas, por essência, o que é a definição? Algumas pessoas que já tiveram mau presságios que se concretizaram atribuem à intuição um significado mágico ou metafísico. A princípio, esta explicação serve muito bem.
Acontece que, pela navalha de Occam, diante de duas explicações igualmente válidas para o mesmo fato, devemos preferir a explicação mais simples. Nesse caso, em particular, a explicação mais simples dispensa completamente o uso de seres metafísicos ou energias mágicas. Intuição é materialismo puro. Intuição é a nossa imensa capacidade cerebral de reconhecimento de padrões complexos. Reconhecemos padrões o tempo todo e obtemos conclusões sobre este processamento mesmo sem racionalizá-lo. A nossa incapacidade de racionalizar o reconhecimento de padrões complexos é evidente na área da Ciência da Computação. Muitos sistemas baseiam parte de sua segurança na dificuldade computacional que é reconhecer padrões complexos. Quem já não viu um sistema que exibe uma figura com caracteres distorcidos, coloridos e desalinhados ao mesmo tempo em que solicita ao usuário a digitação do texto inserido na figura? Isto nada mais é do que um artifício para fazer com que esses sistemas sejam usados apenas por usuários humanos. Nem o mais poderoso algoritmo de reconhecimento ótico de caracteres é capaz de reconhecer com confiabilidade os caracteres dessas figuras. Já nosso cérebro, é capaz de facilmente reconhecê-los através de um processo não racional.Assim funciona quando saímos à rua, e mesmo que o céu não esteja nublado pressentimos que vai chover. Nossos sentidos coletam informações da temperatura do ar, umidade e mais uma série de fatores que sequer nos damos conta. Nosso cérebro compara esses dados com toda a base de dados armazenada em nossa memória para saber quando esses fatores climáticos ocorreram no passado e se choveu ou não naquela data específica. Assim "pressentimos" a chuva.
Do mesmo jeito funciona com os maus presságios. Acredito que muitos souberam após a morte de Ayrton Senna que ele vai tido um mau presságio em sonho e que pensou duas vezes antes de entrar na pista naquele fatídico domingo. Mas será que o mau presságio de Senna foi um aviso dos céus? Ou será que sabendo que pilotar um Fórmula 1 é uma tarefa potencialmente fatal e consciente dos riscos envolvidos ele pressentiu que algo poderia acontecer? Quantas vezes será que ele entrou na pista completamente despreocupado e relaxado? Acho que não devem ter sido muitas. Ademais, será que a quebra do eixo de direção a que muitos atribuem o acidente foi uma coisa brusca e repentina? Será que Senna inconscientemente não percebeu sinais da iminente quebra nos treinos de sexta e sábado? Todos os fatos daquele domingo podem ser explicados com uma visão materialista das coisas.
Devemos então deixar de acreditar na intuição? NÃO! Absolutamente não. Deixando de aceitar sua capacidade de reconhecer padrões complexos você estará deixando de usar a faculdade cerebral que nos distingue essencialmente das máquinas e nos torna superiores. Devemos sim acreditar em nossa intuição e procurar desenvolvê-la pois esta é uma importante ferramenta que temos para perceber o mundo.
Acontece que, pela navalha de Occam, diante de duas explicações igualmente válidas para o mesmo fato, devemos preferir a explicação mais simples. Nesse caso, em particular, a explicação mais simples dispensa completamente o uso de seres metafísicos ou energias mágicas. Intuição é materialismo puro. Intuição é a nossa imensa capacidade cerebral de reconhecimento de padrões complexos. Reconhecemos padrões o tempo todo e obtemos conclusões sobre este processamento mesmo sem racionalizá-lo. A nossa incapacidade de racionalizar o reconhecimento de padrões complexos é evidente na área da Ciência da Computação. Muitos sistemas baseiam parte de sua segurança na dificuldade computacional que é reconhecer padrões complexos. Quem já não viu um sistema que exibe uma figura com caracteres distorcidos, coloridos e desalinhados ao mesmo tempo em que solicita ao usuário a digitação do texto inserido na figura? Isto nada mais é do que um artifício para fazer com que esses sistemas sejam usados apenas por usuários humanos. Nem o mais poderoso algoritmo de reconhecimento ótico de caracteres é capaz de reconhecer com confiabilidade os caracteres dessas figuras. Já nosso cérebro, é capaz de facilmente reconhecê-los através de um processo não racional.Assim funciona quando saímos à rua, e mesmo que o céu não esteja nublado pressentimos que vai chover. Nossos sentidos coletam informações da temperatura do ar, umidade e mais uma série de fatores que sequer nos damos conta. Nosso cérebro compara esses dados com toda a base de dados armazenada em nossa memória para saber quando esses fatores climáticos ocorreram no passado e se choveu ou não naquela data específica. Assim "pressentimos" a chuva.
Do mesmo jeito funciona com os maus presságios. Acredito que muitos souberam após a morte de Ayrton Senna que ele vai tido um mau presságio em sonho e que pensou duas vezes antes de entrar na pista naquele fatídico domingo. Mas será que o mau presságio de Senna foi um aviso dos céus? Ou será que sabendo que pilotar um Fórmula 1 é uma tarefa potencialmente fatal e consciente dos riscos envolvidos ele pressentiu que algo poderia acontecer? Quantas vezes será que ele entrou na pista completamente despreocupado e relaxado? Acho que não devem ter sido muitas. Ademais, será que a quebra do eixo de direção a que muitos atribuem o acidente foi uma coisa brusca e repentina? Será que Senna inconscientemente não percebeu sinais da iminente quebra nos treinos de sexta e sábado? Todos os fatos daquele domingo podem ser explicados com uma visão materialista das coisas.
Devemos então deixar de acreditar na intuição? NÃO! Absolutamente não. Deixando de aceitar sua capacidade de reconhecer padrões complexos você estará deixando de usar a faculdade cerebral que nos distingue essencialmente das máquinas e nos torna superiores. Devemos sim acreditar em nossa intuição e procurar desenvolvê-la pois esta é uma importante ferramenta que temos para perceber o mundo.